domingo, 25 de julho de 2010

São Paulo, 7 de julho de 2010.

Oi pai, oi mãe...

Gostaria de deixar claro que, apesar de tudo, eu os amo. Mas eu estou farta. Farta dos acontecimentos do último ano. Possivelmente um dia eu irei colocá-los na frente desta máquina da discórdia - vulgo computador - para ler esta carta, e vocês não iriam gostar dela, como eu também não gosto.

Não é capricho meu, não é ciúmes também. Eu só não agüento mais ouví-los dizer "tenha paciência". Eu tenho paciência, ou melhor, eu tive. Muita.

A única coisa que eu gostaria que os senhores fizessem é cumprir a tão obstinada meta que vocês espalham aos quatro ventos de que "o que fazem por uma, fazem pela outra". Tenho plena consciência de que o agora é um momento de suma importância para minha irmã, sei de todas as preocupações e conseqüências disso; mas nada significa a falta de interesse que vocês estão para comigo. Não me ouvem, não levam minhas opiniões em consideração... mas isso realmente não magoa tanto quanto o fato de vocês não fazerem a mínima idéia do que está acontecendo na minha vida profissional, sentimental e acadêmica; além de me darem bronca por motivos infímos que não cabem a mim.

Sei que não sou das mais comunicativas, mas todas as vezes que tento lhes contar algo ou sou interrompida por outra pessoa, ou escutam e não dão a mínima para o que lhes foi falado, ou - mais comum - dizem para eu conversar com vocês sobre o que quer que seja outra hora, já que estão muito ocupados ou muito cansados para me ouvir naquele momento.

Repito: não é capricho ou ciúmes meu. Não é carência de atenção também. Só quero que os senhores ponham em prática a consideração, o orgulho e o amor que vocês dizem ter por mim.
Não quero magoá-los. Mas também não quero me magoar mais.

Ainda os amo, apesar dos apesares. E amo a minha irmã também, apesar dela não estar fazendo por onde para tal sentimento.


E sim mãe, ontem, quando a senhora me viu com os olhos um pouco avermelhados, é porque eu estava chorando. Desculpe por mentir sobre isso.

Atenciosamente,
sua filha.

domingo, 18 de julho de 2010

Gabrielle,

Como você sabe, eu não sou muito bom em escrever. Mesmo assim, escrevo. Por que será? Talvez você, que é psicóloga, entenda melhor que eu. Acho que não consigo me expressar muito bem falando, sei lá. Sou tão tímido quanto um cachorrinho no frio.

Como eu não consigo dizer o que sinto pelas pessoas, preciso escrever. No entanto, existe um paradoxo nisso tudo: os meus sentimentos são impossíveis de se medir com palavras. Acho que todo sentimento é assim, não? A angústia é assim, a dor, a paixão. Ninguém nunca vai saber o quanto em mim dói um dente na boca, uma afta, uma pedra no rim, uma dor de cabeça.

Do mesmo modo que ninguém nunca saberá o quanto eu amo, o quanto eu odeio, o quanto eu me emociono ao assistir um filme. O que temos são pequenas expressões da alma. O que é uma lágrima senão uma forma de colocar pra fora um sentimento escondido? Por que a criança chora se não para demonstrar que, lá dentro, no fundo do estômago, ela sente fome?

A minha lágrima são palavras no papel, o meu choro infantil vem em forma de texto. Com eles, tento explodir isso que tenho aqui, em algum lugar do meu ser. É algo inexplicável, confuso, alguma coisa que eu não sei o que é, mas que está comigo em todos os momentos. Costumo dizer que sou uma bomba prestes a explodir. O que acontece é que não explodo de todo, mas aos poucos, entende?

Enfim, enrolei pra caramba pra dizer que, hoje, no Dia dos Namorados, os outros dirão que amam, que adoram e que estão apaixonados. Eu, nessa carta boba, não vou dizer isso.

O que eu sinto por você não tem nome. O que eu sinto por você não se mede nem se explica.

Leandro Machado

12/06/2010

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Carta à sociedade

Hoje eu passei por você e como sempre você nem percebeu. Eu mudei meu cabelo por você, aprendi a tocar violão, tô usando calça jeans. Ah, aquele emprego que você me indicou, eu consegui. Já fiz a matrícula na faculdade. É o que você me pediu, por que ainda me ignora? Tô na sua comunidade no Orkut, mas parece que isso não importa.

Você anda tão cruel. Tenho visto o que você faz com outras pessoas, parecidas comigo. Na verdade não sei por que procuro te agradar. Não vivo mais por sua causa. Eu queria trabalhar com terra, plantar e colher, pescar nos finais de semana, ter uma esposa, bastante filhos, mas isso não lhe agrada. Queria arrumar um modo de me separar de você. Você não gosta de ninguém, só usa algumas pessoas. Eu só queria falar isso. Acho que você precisa mudar radicalmente, caso contrário, muitos deixarão de te seguir e você não existirá mais. É isso.

Danillo Dal Seno

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sato,

Acho que sao umas duas da manha e eu tive que comecar a escrever pra voce. Minha irma que nao ficaria muito feliz em saber que esta eh a segunda carta que eu escrevo pra voce e eu nao escrevi nem uma para ela! O fato eh que eu penso em voce direto e, depois da conversa de hoje, eu senti que nos dois estamos mais proximos um do outro. Cada vez que a gente conversa, eu aprendo um pouquinho sobre voce e te conto um pouquinho sobre mim, e so de ver que voce me aceita do jeito que eu sou, eu me sinto “em casa” com voce. Eu sinto que posso falar as coisas mais idiotas e voce vai rir, ou falar as coisas mais serias e voce vai me apoiar/aconselhar. Eh lindo isso, sabia?

Nao sei o segredo, mas voce tem algo que me faz ver voce como o homem mais doce que eu conheco. Eu vejo voce colocando band-aid no joelho do seu filho depois de ele se machucar, coisas do tipo! Hahaha

Nao demorou muito pra voce se tornar especial pra mim, mas eu nunca imaginei que eu iria te conhecer pessoalmente e muito menos planejar uma viagem com voce! Nunca me passaria pela cabeca que voce conheceria minha mae no mesmo dia que me conhecesse e que voce perguntaria: “Sera que seu pai vai gostar de mim?” Hahaha!

Eh estranho como as vezes eu penso que sei tanto sobre voce... mas ao mesmo tempo eu tenho tanta coisa pra aprender! Eu acho que sua cor preferida eh verde, nao sei seu perfume preferido, nao sei seu tamanho para calcas e camisetas, nao sei quanto voce calca nem quanto voce pesa, nao sei se voce prefere limonada ou suco de laranja (por via das duvidas, compro Coca-Cola!)

Eu queria comprar alguma coisa pra voce, queria te ligar no seu aniversario, queria saber historias de quando voce era crianca, ver fotos e conversar com pessoas da sua familia...

Nem parece que eu te conheco ha tres anos! Mas, por outro lado, eu sei coisas mais importantes sobre voce; Eu conheco o seu carater, o seu jeito de se preocupar comigo, ou o seu poder de esconder os problemas e so me contar quando voce nao suporta mais.

Eu sei tambem que o seu abraco eh um dos meus preferidos, sei que qualquer coisa simples pode ter um grande significado pra voce e que voce pode escrever coisas lindas e conversar comigo por horas e horas.

Mas algumas coisas eu so vou aprender/descobrir quando conviver com voce... tipo se voce acorda de mal humor, guarda notas fiscais ou tem supersticoes.

E eu mal posso esperar para ver isso tudo acontecer. Vou tentar te fazer feliz o maximo possivel nessa viagem, mesmo que seja curta!


I love you, baby :D
God bless us!

Nath

*Carta escrita por Nathalia Malagoli, dia 09 de junho de 2010.